No orçamento do governo gaúcho para 2018 faltam cerca de R$ 7 bilhões que, dessa vez, não têm de onde ser tirados. Estamos à beira da paralisia e não há outro caminho senão o ajuste das finanças. Para sustentar os serviços públicos e os investimentos que a população exige e necessita, precisamos de dinheiro, que não nasce em árvores.
Nesse final de ano, na Assembleia Legislativa, devem ser votados projetos que, ao contribuírem para aliviar a situação financeira do Estado, podem melhorar muito a vida dos gaúchos. As medidas passam pela adequação das regras que regulam o trabalho e as aposentadorias dos servidores públicos estaduais ao padrão federal, com o fim de privilégios descabidos, e a venda de ativos não essenciais. Além disso, apesar da carência no pagamento da dívida com a União representar um protelamento com incidência de juros, o caráter emergencial da situação financeira do Estado e o compromisso de ajuste gerado pelas contrapartidas exigidas justificam a adesão ao regime de recuperação fiscal do governo federal.
As decisões tomadas pelo Parlamento terão impacto na vida de todos, principalmente aqueles de menor renda. Por isso, não é admissível que a pressão de grupos de interesse específico, que são contrários às mudanças porque são privilegiados pelas regras atuais, sobreponha a numerosa maioria que será afetada por essas decisões.
Nosso pedido é que, na votação de pautas que irão atrair a presença e o protesto de grupos organizados, a percepção de nossos deputados consiga ultrapassar as paredes da Assembleia e chegar em cada município. É lá, e não nas galerias do plenário, que mais de 11 milhões de gaúchos batalham todos os dias, silenciosamente, para suplantar todas as dificuldades que lhes são impostas direta ou indiretamente pela deficiência do setor público no cumprimento de suas funções. Os gaúchos têm pressa. Como registrou o escritor americano Ralph Emerson há quase dois séculos, quando se patina sobre o gelo fino, a segurança está na velocidade.